1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos houve um aumento significativo no número de documentos em formato eletrônico mantidos e disseminados por sistema de computadores.

Ao mesmo tempo em que cresceu a quantidade dos documentos eletrônicos disponíveis, principalmente na Rede Internet, aumentou a necessidade dos usuários em saber como referenciar esse tipo de documento que possui características peculiares, tais como:

• alguns aceitam alterações, tanto de forma quanto de conteúdo, enquanto que outros são imutáveis;

• podem ser unicamente disponíveis em formato eletrônico, não possuindo equivalente impresso ou em outro suporte qualquer.

• possuem forma e estilo semelhantes ao documento impresso (exemplo monografia, seriados, artigos, etc.), porém nem sempre as características físicas da publicação impressa estão presentes no formato eletrônico (por exemplo, n ^o de volume, fascículos e páginas).

Cada tipo de documento eletrônico tem sua identidade própria, por tanto, para cada um deles deve existir uma forma específica de fazer a referenciação bibliográfica.

Na literatura internacional especializada já existem alguns estudos que visam a padronização das referências bibliográficas de documentos eletrônicos.

Diretrizes mais consistentes foram iniciadas por organismos particulares, estudiosos e pesquisadores voluntários já há algum tempo. Porém somente neste ano de 1996, instituições oficiais como a ISO/ International Standards Organization, começam a divulgar alguns anteprojetos de norma que padronizem eficientemente e sem ambigüidade as referências bibliográficas dos documentos nos variados suportes eletrônicos e principalmente os disponíveis via Internet. Já se encontra divulgada na rede, uma minuta (ainda incompleta) da segunda parte da norma 6090 da ISO, a ISO/DIS 690-2 – "Excerpts from ISO Draft + International Standars 690-2 – Information and Documentation – Bibliographic references – Electronic documents or parts thereof" (1996a).

Esta minuta, elaborada pelo Subcomitê (SC) 9 do Comitê Técnico da ISO (TC) 46, visa normalizar a apresentação, identificação e descrição de documentos eletrônicos, em parte ou no todo. Prescreve a ordenação dos elementos na referência e estabelece convenções para a transcrição e apresentação da informação derivada de documentos eletrônicos.

Foi revisada e aprovada em uma reunião do subcomitê (ISO/TC 46/SC9) em maio de 1996 e tem a previsão de se tornar definitiva até final do corrente ano. (ISO, 1996b).

Além desta minuta, vários outros Manuais de referência estão também disponíveis via Internet. Os mais utilizados e citados pelos pesquisadores internacionais são os elaborados por associações profissionais, tais como a APA (American Psychological Association) e MLA (Modern Language Association). Alguns estudos críticos e analíticos sobre estes Manuais vem sendo desenvolvidos por pesquisadores autônomos, tais como:

a) Xia Li e Nancy Crane (1996a) na publicação "Bibliographic formats for citing electronic information"(<URL:http://www.uvn.edu/~xli/reference/estyles.html>) fazem revisão dos manuais APA e MLA, buscando uma única formatação. As mesmas autoras publicaram recentemente o livro "Electronic Style: handbook for citing electronic information" (1996b).

b) Janice Walker (apud Harnack e Kleppinger, 1994) no documento intitulado "MLA - Style Citations of Electronic Source" (<URL:http://www.cas.usf.edu/english/walker/nla.html>) faz um estudo da publicação "The MLA Handbook for Writers of Research Papers" de 1995. Seu trabalho é endossado pela Alliance for Computers and Writing.

c) Andrew Harnack e Gene Kleppinger (1994) - realizaram um estudo crítico sobre o handbook MLA, divulgando os resultados de suas pesquisas no documento "Beyond the MLA Handbook : documenting electronic sources on the Internet" (<URL:http://falcon.eku.edu/honors/beyond-mla>).

d) Land (1996) em "Web extention to American Psychological Association Style (WEAPAS)" (<URL:http://www.nyu.edu/pages/psychology/WEAPAS/>), propõe, complementando um item específico do manual APA, a integração da norma Internet de URL utilizada no WWW.

Demais pesquisadores e seus respectivos trabalhos podem ser identificados nas referências bibliográficas e endereços complementares incluídos ao final. Pode-se perceber, por exemplo, trabalhos já em andamento em outros países como França (endereço complementar 4 e 10), Alemanha (endereço complemantar 23), etc. Na literatura nacional tem surgido menções esparsas sobre o tema em várias publicações, sendo que a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, até o momento não publicou nenhuma norma à respeito. O único documento formal identificado foi elaborado por MOURA (1996) da Universidade Federal da Paraíba (<URL:http://www.elogica.com.br/users/gmoura/refere.html>).

Frente a este contexto, buscou-se neste trabalho compilar e comparar os modelos sugeridos pela ISO, MLA e APA, de modo a oferecer subsídios a pesquisadores, professores, estudantes e profissionais das diversas áreas, quando da elaboração de referências bibliográficas de documentos eletrônicos.

Tais modelos estão agrupados por tipo de documento. Após a indicação dos modelos genéricos analisados individualmente, foram colocados exemplos visando ilustrar e facilitar sua compreensão. Comentários e sugestões são apresentadas, no capítulo 3, após o detalhamento de todos os modelos.

Considera-se este trabalho um levantamento inicial que poderá servir a estudos mais aprofundados, uma vez que as normas internacionais utilizadas como respaldo metodológico ainda não estão concluídas e não temos normas nacionais disponíveis. Por outro lado, o próprio desenvolvimento da área tecnológica, vem sistematicamente colocando no mercado novos formatos, suportes e tipos de documentos, o que exige atualização e revisão constantes.

1.1 Definições

De acordo com o "Glossário de termos e definições" (ISO, 1996c) desenvolvido pela ISO-TC 46/SC9 tem-se:

Documento eletrônico:

"documento existente em formato eletrônico acessível por computador [ISO/DIS 690-2:199 X]".

Documento:	1 - qualquer item que apresente informação, incluindo registro legíveis por máquina, microformas, mídia impressa e não impressa. [ISO 999: 199X]
	2 - informação registrada que pode ser tratada como uma unidade em um processo de documentação independente de suas formas e características físicas (ISO/Dis 690-2:199 X].
	3 - qualquer item, impresso ou não, o qual é passível de ser catalogado e indexado (ISO 5963: 1985 e ISO 2788: 1986].(nota)

Referência bibliográfica:

"um conjunto de dados bibliográficos que identificam um documento ou parte dele, seguindo uma norma determinada". (MACEDO, 1994, p. 23).

Os "dados bibliográficos" variam de acordo com o tipo de documento a ser referenciado. De maneira geral, os que, comumentemente, estão presentes em todos as referências são: autor, título, edição, data de publicação, local, responsabilidade/publicador (ISO 690, ABNT 6023). Documentos eletrônicos deverão, além dos elementos acima mencionados, conter dados específicos que identifiquem sua localização e recuperação, de acordo com sua natureza.

As informações contidas em uma referência devem ser extraídas do próprio documento eletrônico ou da documentação que o acompanha. Em nenhum caso a referência deve incluir informação não disponível na fonte consultada.

1.2 Tipos de documentos eletrônicos

Existem muitos tipos de documentos e serviços disponíveis eletronicamente. Alguns exemplos são: base de dados, programa de computador, monografias, publicações seriadas, mensagens eletrônicas pessoais, documentos da WWW, resultados de pesquisas WAIS, arquivos variados (texto, som, imagem), arquivo para FTP, documento gopher entre outros.

Não se pretende cobrir, neste primeiro trabalho, todos os tipos de documentos eletrônicos existentes, o que deverá ocorrer através de atualizações e revisões periódicas previstas pelas autoras.

1.3 Suportes dos documentos eletrônicos

Os diferentes tipos de documentos eletrônicos (mencionados acima) podem ser encontrados em variados suportes: online (quando acessado diretamente na rede Internet por exemplo), CD-Rom, disquetes, tape/fita magnética.

Neste trabalho, foram detalhadas as peculiaridades da referência bibliográfica de alguns tipos de documentos, subdividindo-os em relação aos suportes como: documentos eletrônicos online e documentos eletrônicos nos demais suportes. Exemplos em ambos os casos foram apresentados sempre que pertinentes.

Quanto aos documentos eletrônicos online algumas convenções já consagradas entre os usuários da Rede Internet, estão sendo incorporadas as normas de referência bibliográfica. É o caso do protocolo URL – Uniform Resource Locator, que especifica a sintaxe e semântica para uma representação compacta dos recursos disponíveis via WWW, promovendo e facilitando sua localização e acesso.

Este protocolo, detalhado no RFC 1738 (Request for Comments), foi elaborado por Berners-Lee, Masinter e McCahill (1994) (<URL:ftp://ds.interic.net/rfc/rfc1738.txt>)e aprovado pelo grupo de trabalho URI da Internet Engineering Task Force.

Justamente porque existem muitas maneiras diferentes de acessar os recursos, existem vários esquemas possíveis para descrever a localização de tais recursos. Assim, os URL's são utilizados para localizá-los, fornecendo uma identificação resumida desta localização.

De fato, URL's são seqüências de caracteres, isto é, letras, números e sinais específicos, adotando ainda protocolos já padronizados como:

O formato genérico da URL é:

<URL: formato do arquivo:// computador. tipo do sistema. código de área/ diretório do arquivo/ nome do arquivo>

Por exemplo:

http://www.gu.edu.au/gwis/cinemedia/CineMedia.home.html

Onde são identificadas as seguintes informações:

• Trata-se de um documento hipertexto (http);

• cujo servidor está no WWW da Griffith University (www.gu);

• instituição educacional (edu);

• situada na Austrália (au);

• cujo arquivo encontra-se no diretório 'gwis' e subdiretório 'cinemedia', sendo identificado pelo nome 'CineMedia.home.html';

• a terminação html no final também indica que se trata de um documento em formato hipertexto.